São Pedro Chanel, religioso e mártir

Pedro Maria Chanel nasceu de uma família humilde e numerosa na aldeia de Potière, perto da cidade de Cuet, França, em 12 de julho de 1803. A referida família era composta pelos pais e oito filhos.

Desde crianças colaborava nos pequenos trabalhos da casa, uma granja da família, alimentando as galinhas com cevada e aveia e, como um pequeno pastor, cuidado de suas três vacas, quatro cordeiros e duas cabras. Estava sempre acompanhado do seu fiel cão, um sólido bastão na mão e nos bolsos sua frugal comida do meio dia.

Quando adolescente começou a estudar o latim para preparar-se bem e chegar um dia a ser sacerdote, vocação para a qual se sentia atraído. Já desde jovem sua piedade e modéstia edificavam a todos.

Depois de cinco anos no seminário menor e três no seminário maior, foi ordenado sacerdote em 15 de julho de 1827.

Logo após a ordenação  se uniu a um grupo de sacerdotes amigos que haviam se consagrado à Virgem Nossa Senhora de Fourvière, em Lyon, e mais tarde formaram a “Sociedade de Maria”, chamada também de Padres Maristas.

Eles receberam a aprovação da Sociedade por parte da Santa Sé, e com o prévio consentimento do Padre Colin, Superior geral, aceitaram o encargo de ser missionários na Oceania.

Para cumprir com essa recomendação do Papa, o primeiro grupo partiu da França em 24 de dezembro de 1836. Era composto por Mons. Pompallier, ordenado bispo e nomeado vigário apostólico da Oceania ocidental, quatro sacerdotes e três irmãos, que como valentes aventureiros do Evangelho chegaram ao seu destino 11 meses depois. Mons. Pompallier era o chefe da missão, e ao chegar no destino os distribuiu pela Nova Zelândia e outras ilhas do Pacífico.

Entre eles estava o Padre Chanel, que com o irmão marista Marie Nizier foram destinados à ilha de Futuna, para trabalhar com os nativos e através do Evangelho convertê-los ao cristianismo, missão que levaria quase quatro anos.

A aprovação da Sociedade Maria, muito desejada e obtida apesar das dificuldades e depois de numerosas empreitadas, suscitou um entusiasmo fácil de entender. Os preparativos relacionados com o envio de missionários constituíram uma preocupação importante para os responsáveis da Sociedade; era necessário, o mais cedo possível, responder à confiança das autoridades romanas.

Foi primordial escolher e designar o grupo de Sacerdotes e de irmãos missionários, prever o mobiliário, os recursos financeiros indispensáveis e reunir o material necessário… sem contar com os vários trâmites que foram necessários empreender com as autoridades civis.

Esse primeiro grupo estava formado, , pelo Mons. Pompallier, como já foi dito, os Padres Chanel, Bataillon, Servant e Bret, e os irmãos Marie Nizier, Miguel e José Javier.

Em L’Hermitage, o Padre Champagnat manifestava muita alegria e, ao mesmo tempo, certa tristeza por não poder também partir para a Oceania. Mas tinha a satisfação de haver preparado dois dos seus filhos espirituais para tão longínqua missão: os irmãos Marie Nizier e Miguel. Seriam acompanhados pelo irmão José Javier Luzy, que vinha de Belley, onde estava a serviço dos Padres maristas. Durante certo tempo este irmão também esteve se preparando em L’Hermitage para completar tão delicada e responsável delegação missionária.

O Padre Chanel chegou a Lyon em 5 de outubro de 1836, com o objetivo de organizar a partida do grupo missionário escolhido.

Em seguida viajou para L’Hermitage, onde falou com os irmãos durante o retiro espiritual. Logo voltou para Lyon com os dois jovens maristas que o acompanharam, os irmãos Marie Nizier e Miguel, e se alojaram na residência religiosa “Providência do Caminho novo”.

Depois de se despedirem da Virgem, Nossa Senhora de Fourvière, os missionários viajaram para Paris de “diligência”, veículo especial que se usava naquela época para as longas viagens. Porém, eles viajaram na segunda classe. Em Paris, encontraram-se com o grupo de Mons. Pompallier, que havia chegado alguns dias antes. Todos se alojaram no seminário de “Missões Estrangeiras”, beneficiando-se de sua generosa hospitalidade.

De Paris partiram para o Havre, porto onde embarcariam. Ali tiveram que permanecer quase dois meses.

O Padre Chanel escreveu em seu diário: “Chegamos ao Havre em 27 de outubro, nos alojamos na casa da Sra. Dodard, em Ingouville. Ficamos comodamente instalados, com calefação e bem alimentados, sem que tivéssemos de pagar nenhum centavo”. Fora, chovia e nevava.

“Esta senhora, escreve o irmão Marie Nizier, é muito boa e se acha honrada em receber os missionários. Faz 16 anos que os acolhe.”

A senhora Dodard, octogenária, adoeceu enquanto os Maristas se encontravam alojados em sua casa, e eles deram-lhe assistência durante sua última enfermidade. Mons. Pompallier lhe administrou os últimos sacramentos, e ela morreu alguns dias depois da partida dos missionários.

O embarque estava previsto para o dia 15 de novembro, porém houve um atraso porque ainda não havia chegado toda a mercadoria e o tempo também não era favorável.

Finalmente, em 24 de dezembro, véspera de Natal, eles puderam embarcar no navio chamado “Delphine”. Não era muito grande, mas estava “bem organizado, limpo e bonito”.

Como imaginamos o referido barco? Que comodidades gostaríamos ter para uma tão longa viagem?

Verdadeiramente, nossos missionários deveriam ser valentes e decididos. Somente a glória de Deus e a salvação das almas os fortaleciam. Verdadeiros heróis!

O início da viagem foi marcado por vários acontecimentos: ao tentar sair do cais, a embarcação não se movia… Talvez alguma avaria no momento de zarpar?…

Somente saberiam dias depois. Partiram com certo nervosismo e preocupação, e já em alto mar chegaram os enjôos; o medo de se chocar com algum barco perigosamente próximo, as manobras que tiveram que realizar, o tumulto causado pelo vento, os gritos e as ordens dadas fizeram o Padre Chanel acreditar que um passageiro havia caído no mar e imediatamente subiu à ponte para lhe dar absolvição.

Logo souberam do ocorrido: ao desamarrar os cabos, os suportes do timão se romperam. Havia uma única solução: navegar lentamente para chegar a um porto e ali efetuar a reparação. Dirigiram-se à ilha de Tenerife, e em 8 de janeiro entraram na enseada de Santa Cruz.

A reparação do timão foi demorada; 50 dias para por a peça em boas condições e perfeito funcionamento.

Por sua vez os efeitos da navegação também se fizeram sentir… o Padre Servant e o irmão José Javier se encontravam seriamente doentes, e o padre Chanel, com disenteria. Por esses motivos tiveram que permanecer um mês e meio em terra e alugar uma casa na cidade, esperando a recuperação física e o conserto da embarcação.

Em 28 de fevereiro de 1837 o navio partiu rumo ao mar. Os dois enfermos, entretanto, ainda estavam convalescentes, e foram se restabelecendo progressivamente. Porém, o Padre Bret, compatriota e amigo do Padre Chanel, contraiu uma grave enfermidade, e morreu um mês depois em meio ao mar.

Essa longa travessia, sem escalas através do Atlântico, serviu para que o Padre Chanel pudesse exercer de algum modo seu apostolado entre os marinheiros e outros passageiros. As palestras com os irmãos e a preparação à comunhão pascal foram a obra de toda a equipe missionária.

Tanto tempo de navegação fez com que os viajantes obtivessem uma resistência notável para suportar os embates, as tormentas e as fortes sacudidelas do barco, especialmente ao passar pelo Cabo de Hornos sem sofrer os enjôos característicos do mar.

Todos experimentaram muita alegria quando, em 28 de junho de 1837, entraram no porto de Valparaíso (Chile), exatamente quatro meses depois da saída de Santa Cruz de Tenerife.

Os Padres do Sagrado Coração, Congregação religiosa missionária, e também companheiros de viagem, chegaram ao seu destino. Os Maristas se alojaram na casa que aqueles religiosos já possuíam em Valparaíso.

O barco “Delphine” não continuaria mais sua viagem. Ficaria ali como porto final. Portanto, era necessário descarregar toda bagagem, os objetos pessoas e as caixas com o material destinado à missão, e depositá-los em um lugar seguro até a partida para a Oceania.

Os Padres antes mencionados ofereceram sua hospitalidade aos Missionários Maristas durante todo o tempo necessário para preparar a última etapa de sua viagem: receber informações de outros missionários, de viajantes, comerciantes, etc., conhecedores daquela região do mundo, e encontrar um barco que pudesse levá-los a bordo, depois que soubessem o lugar preciso onde deveriam desembarcar.

Depois de receber várias informações de outros viajantes chegados da Oceania, a incerteza reinava no grupo sobre a direção que deveriam tomar. Não encontrando nenhum navio que fosse para Nova Zelândia, embarcaram em um navio com direção a Taiti.

Saíram de Valparaíso em 10 de agosto de 1837, e depois de um mês de navegação tocaram as ilhas de Gambier, para obter provisões e informar-se sobre o possível lugar onde estabelecer a futura missão.

Os missionários foram muito bem recebidos pelo Vigário Apostólico e os novos cristãos daquelas ilhas já evangelizadas há algum tempo.

Tendo chegado ao Taiti, tiveram que deixar o barco e decidir como continuar viagem. A bordo de uma escuna, embarcação fina e pequena, continuaram sua complicada travessia, com o permanente perigo de se chocarem contra as rochas muito numerosas nessa área. As chuvas torrenciais e a escuridão durante a noite vieram complicar ainda mais a situação já bastante preocupante.

Passaram pelo arquipélago de Tonga e não puderam ficar ali porque o rei não deu permissão. Por isso seguiram para a ilha de Wallis, e ali sim, ficaram o Padre Bataillon e o irmão Juan Javier Luzy, para fundar a primeira missão marista em terras da Oceania.

Alguns dias depois chegaram à ilha de Futuna, onde ficaram o Padre Chanel com seu colaborador, o irmão Marie Nizier, depois de haver obtido a permissão de um dos reis da ilha, chamado Niuliki. A recepção dos habitantes de Futuna foi favorável e alguns deles se alegraram com a chegada dos missionários. Primeiro foi a curiosidade, depois rodearem a embarcação, subiram nela e logo os acompanharam sem nenhuma hostilidade.

A autorização para se estabelecer em ilha foi concedida depois de uma longa discussão com Mons. Pompallier, uma vez que o primeiro ministro, Maligi, influenciado por alguns habitantes de Wallis, contrários à religião, se opunham fortemente. Foi necessária a convincente intervenção de um parente do rei, respeitado por sua bravura e autoridade: “Deixemos aos brancos habitarem na ilha, lhes disse, eles podem nos trazer riquezas”. Depois disso veio a calma e os missionários foram convidados a comer com o rei e sua família essa noite. Monsenhor presenteou o rei com uma série de presentes que repartiu com a sua gente.

No dia seguinte, 12 de novembro de 1837, foi o dia fixado para desembarcar com sua pobre equipagem, algumas caixas com míseras provisões e material para a missão.

Nesse mesmo dia aconteceu a separação: Mons. Pompallier, o Padre Servant e o irmão Miguel embarcaram para Nova Zelândia. O Padre Chanel ficou definitivamente na ilha de Futuna e não voltaria a vê-los mais. Seu companheiro inseparável será o irmão Marie Nizier. Os dois terão como campo de missão as ilhas de Futuna e Alofi.

Primeiramente tiveram que construir uma casa ou algo que se parecesse com isso para viver; na verdade uma choça coberta com folhas de coqueiros e alguns troncos de árvore. Tudo era tão precário que durante dois meses não sabiam como se proteger da chuva assim como seus pobres pertences.

Enquanto isso, o Padre Chanel sentiu de imediato a necessidade de uma alimentação mais abundante e sã para poder suportar o clima, os trabalhos esgotantes, assim como um mínimo de descanso durante as noites.

Desde o dia 8 de novembro, dia da sua chegada, não tinha podido celebrar nenhuma missa na ilha. Pela especial devoção que o Padre Chanel tinha pela Santíssima Virgem Maria, esta, sem dúvida, lhe inspirou a idéia de escolher o dia 8 de dezembro, festa da Imaculada Conceição, para celebrar a primeira missa em Futuna.

Logo começaram os contatos com as pessoas da ilha para aprender seu idioma e seus costumes, e ensinar a elas a trabalhar a terra, plantar árvores, criar alguns animais domésticos. Também pouco a pouco foi evangelizando-as a fim de convertê-las ao cristianismo na medida em que se encontravam preparados.

O rei Niuliki os apoiou desde o início. Mais tarde, por influências estranhas, começou a manifestar sua oposição. Surgiram as oposições “aos brancos e à sua nova religião” por parte de alguns nativos. Porém, sem desanimar, nosso santo missionário de Futuna se empenhou cada vez mais com energia em sua pregação e por isso aguçou ainda mais a luta. Percorreu a ilha em todas as direções e sem descanso, enfrentado tudo, constantemente, com amável paciência e coragem.

Mais uma vez, viu o perigo sobre sua cabeça, pois seus amigos declarados o perseguiam. E isso ocorreu realmente do dia 28 de abril de 1841. Das ameaças eles passaram aos fatos.

Um chefe nativo que se opunha ferozmente ao seu trabalho missionário se apresentou numa manhã com vários de seus cúmplices na casa do Padre Chanel para matá-lo. Um dos homens com um machado deu-lhe dois golpes na cabeça: o sangue começou a escorrer abundantemente. Outro o golpeou com um grosso bastão; e o chefe que rondava a casa como um animal feroz ao redor da sua presa, saltou por uma janela lançando-se sobre o Padre Chanel com seu facão e o cravou na cabeça. Assim morreu o “homem de grande coração” como o chamavam os homens de Futuna. Não obstante, o cristianismo continuou se propagando na ilha através de outros missionários.

Seu martírio foi reconhecido pela Igreja que o declarou santo, quando em 1954 realizou a Canonização de São Pedro Chanel em Roma, determinando sua festa para o dia 28 de abril.

O que chama a atenção agora, é constatar em que grau São Pedro Chanel se converteu em algo muito familiar para os habitantes de Futuna. É um deles. A Sociedade de Maria, que mandou transferir para Lyon os restos mortais dele em 1842, os devolveu aos habitantes de Futuna em 1977, a pedido deles. Seus restos mortais, como preciosas relíquias, descansam hoje no lugar do seu martírio, dentro de uma grande basílica construída em 1986.

Carta de São Pedro Chanel ao Pe. Antoine Séon

Ad majorem Dei Gloriam Et Beatae Mariae Virginis honorem

 

Futuna, 12 de Outubro de 1839

 

Meu querido Padre,

Apesar do desejo ardente de nosso Reverendo Padre Superior Geral de atender a santa expectativa de todos os padres da Sociedade que anseiam pelo dia feliz, quando eles receberão a permissão de vir até aqui e dedicar seu trabalho e suas vidas à salvação dos pagãos, a grande necessidade de manter a obra, o obriga dolorosamente a recusar, por enquanto. O Bom Senhor, que recompensa a boa vontade onde a encontra, com certeza vai levar em consideração os sacrifícios generosos que você gostaria de fazer por Ele.

Somente a oração pode dar vida ao nosso ministério com os pobres nativos. Sem a ajuda dela, todos os nossos esforços são estéreis e em vão. Assim, aquelas almas fervorosas, interessadas no sucesso de nossas tentativas fracas, redobrem suas sinceras representações ao mestre soberano dos corações. Talvez seja uma desilusão de minha parte, mas, vendo as coisas como elas estão, penso que a hora da graça já chegou à esta pequena ilha que foi entregue a mim. Por isso, você terá a bondade de perdoar-me se eu não respondo a sua carta, linha por linha. Quero ir tão rapidamente quanto possível aos nativos dispostos a escutar-me. Agora faz 23 meses desde que eu cheguei entre eles, porém, faz pouquíssimo tempo desde que comecei a falar corretamente a língua deles.

Por causa do vivo interesse que tenho para com o Seminário menor de Belley e para com o internato Marista de lá, sempre acolherei, com muito prazer e também com um desejo desordenado, qualquer notícia sobre eles que você possa enviar. Realmente gostaria de ter levado e sepultado, nas profundezas do mar, todas as dificuldades que eu, sem saber, deixei para meu querido e digno sucessor Mons. Bertrand.

Não sei como posso perdoar meu querido M. Martin por ter deixado o seminário para se tornar vigário numa paróquia da diocese, em vez de ter a coragem de oferecer seus serviços ao nosso Reverendo Padre Superior Geral, para acrescentar, com sua própria pessoa e zelo, os novos recursos que acabaram de nos chegar até aqui.  Será que não poderemos fazer nada por este confrade, que recuperaria sua saúde na viagem oceânica e, com a ajuda de alguns aparatos da Física, se passaria como um deus entre nossos nativos?

Posso eu abraçá-lo de novo depois de um passo tão falso? Estou ainda preocupado em convidá-lo novamente, na esperança de tocar-lhe o coração, que acho não se endureceu.

Será que minhas cartas irão chegar a tempo em Belley para expressar assim a minha gratidão ao Sr. Guidard, bom e velho, por suas saudações amáveis e bondosas orações que ele todos os dias reza por nós?

Às boas irmãs, que tanto trabalham para o bem da casa, acho que não é necessário repetir meu pedido de orações pela missão e pelos trabalhadores enviados pra cá. A preocupação delas pela salvação das almas não as permite ficarem indiferentes a uma obra que, mais tarde, abrirá o céu a tantas almas. Agradeço-lhes por suas mensagens de boa vontade. Eu mando-lhes saudações no Senhor e quero para elas paciência para com o fogão da cozinha, e espero que este esteja numa condição melhor do que antes. Fico contente que os mesmos funcionários ainda permanecem com vocês, piedosos e felizes. Que as árvores que eu plantei tragam-lhes a alegria de abundantes frutos. Da mesma forma, estou contente em saber que uma barca a vapor finalmente foi estabelecida no rio Rhône. Vai trazer benefícios a todas as casas de negócios de Belley e, em particular, a nosso reverendo Padre Geral.

O querido Pe. Convers teve a bondade de me escrever dando-me alguns detalhes da missão recentemente confiada a ele. Talvez minha carta chegue quando você estiver com ele. Fiquei comovido até as lágrimas, ao receber as boas notícias sobre Pe. Fauque. Nossos queridos confrades que acabaram de chegar, me informaram que Pe. Chanut e Pe. Balmet já estão em Verdelais. Um nativo de Taiti, considerado nessa ilha como profeta, disse a nossos padres, quando estiveram aqui, que a França já teve sua contra-revolução na ocasião em que ela e a Inglaterra declararam guerra à América e a Rússia.  Talvez falarei mais sobre este homen depois. Com certeza, há algo extraordinário nele. Ele prediz que na Sociedade de Maria haverá numerosos mártires.

Estou contente, em saber, que você ainda escreve àquele padre-cantor da Catedral de Cesena. Talvez ele gostasse de receber cópias de “Annales de La Propagación de La Fe”. Posso pedir a você que me envie meus complementos, além de pedir suas orações e santos sacrifícios? Espero a chegada do Bispo para enviar suas mensagens. Pe. Bataillon, que passou quase dois meses em minha ilha, recebeu uma parte de suas lembranças e com o coração as agradece. Ele levou o resto ao Irmão José Xavier, em Wallis. Não tenho ideia de quando verei o Pe. Servant de novo. Agradeço a Deus pelas escolhas sábias que o governo francês está fazendo pelo cargo do bispo. O Bispo Delacroix, em Gap, e o Bispo Mioland, em Amiens, a escolha não poderia ter sido melhor. E o coração M. Lacroix não se encolerizou com a Polinésia? Mesmo assim abraço-lhe, e com calor. Das obras de Dom Devie, tenho somente um pequeno ritual, “As responsabilidades do sacerdote”, e um livro de Via Sacra. Será que posso ter um dia os outros livros que ele escreveu? E também as cartas pastorais, escritas depois que deixamos a França? Quando você for dá minhas saudações à M. de Lonry, diga-lhe que eu partilho com ele a perda de sua sobrinha. Tenha a bondade de dizer meus respeitos aos vigários gerais e cônegos, a quem tive a honra de conhecer, sem esquecer o pároco de Belley e seus vigários, alguns deles escrevem livros. Será que posso pedir a honra de uma cópia de suas obras?

Guardo, com afeição, alguns pedaços do cabelo de nosso querido, confrade e amigo, Pe. Bret. A maneira como seus virtuosos pais aceitaram e receberam a notícia da morte dele realmente me edificou e consolou. Quero dá-lhes meu profundo respeito. Nossos confrades, que aqui chegaram, foram os primeiros a me informarem sobre a morte de minha querida irmã, Saint-Dominique. Ainda não recebi as cartas enviadas para me informar. Não as terei como más notícias, porque acho que minha irmã era tão bem disposta que não me permitiria ficar triste por causa dela. Não sei se ela deixou alguma mensagem ou pedido quando morreu, mas, por outro lado, se na presença de Deus há algo que ela possa fazer por mim, estou convicto de que não o deixará de fazer. Não posso agradecê-lo suficientemente por sua bondade em rezar, pedindo orações, especialmente, por minhas próprias necessidades. Anseio pelo dia feliz quando terei um confrade com quem celebrar o sacramento mais do que uma vez por ano. Peço desculpas a meus confrades que tem todo o direito em esperar uma carta minha, peço que eles aceitem meus humildes respeitos e saudações sinceras. O jovem Irmão Marie-Nizier, que está comigo, manda-lhe seus respeitos.

Espero o momento quando, sua chegada aqui, me dará uma surpresa agradável, fico nos santos corações de Jesus e Maria,

Seu confrade afetuoso,

 

Chanel

Pró-vigário apostólico S.M.

 

Oração

 

Deus, nosso Pai,

Vós inspirastes São Pedro Chanel a sair

de sua terra natal para proclamar

Jesus Salvador do mundo,

às pessoas da Oceania.

 

Guiado por seu Espírito,

Que é a força do gentil,

Ele deu testemunho do seu amor,

doando a sua própria vida.

 

Conceda-nos que, como ele,

Possamos viver nossa vida diária na paz,

na alegria e no amor fraterno.

 

Que sua oração e exemplo

chamem do seio da igreja

muitos trabalhadores para o Evangelho,

para que o vosso reino possa alcançar

os confins da Terra.

Nós vos pedimos isto, por Cristo,

nosso Senhor ressuscitado. Amém.